quinta-feira, 1 de julho de 2010

MEU QUERIDO BAMBU (Refletir)



Era uma vez um maravilhoso jardim, situado bem na frente de um campo. O dono costumava passear pelo jardim, ao sol do meio dia... um esbelto bambu era para ele a mais bela e estimada de todas as árvores e plantas de seu jardim. Este bambu crescia e se tornava cada vez mais lindo. Ele sabia que o seu Senhor o amava e que ele era sua alegria. Um dia, o dono pensativo aproximou-se de seu amado bambu. Num sentimento de profunda veneração, o bambu inclinou sua cabeça imponente. O Senhor disse ao bambu: " querido bambu, eu preciso de ti" - O bambu respondeu: "Senhor estou pronto ! Faz de mim o uso que quiseres." O bambu estava feliz, parecia ter chegado a grande hora de sua vida: o seu dono precisa dele e ele ia servi-lo.
Com voz grave o Senhor disse: " bambu, só poderei usar-te se te podar" - "podar? " podar a mim senhor, por favor não fale isso!, deixe a minha figura. Tu vês como todos me admiram !" - "Meu amado bambu" - a voz do senhor tornou-se mais grava ainda - " não importa que te admires ou não. Se eu não te podar não poderei usar-te".
No jardim tudo ficou silencioso, até o vento segurou a respiração... finalmente o lindo bambu se inclinou e sussurrou - "Senhor, se não me podes sem podar, então .... fazes comigo o que queres." O senhor respondeu: " Meu querido bambu, devo cortar as tuas folhas!" O sol escondeu-se atrás das nuvens... umas borboletas afastaram-se assustadas. O bambu trêmulo a meia voz, disse: " Senhor, corta-as..." - Disse o senhor novamente: " ainda não basta, meu querido bambu, devo também corta-te pelo meio e tomar-te também o coração. Se não fizer isto não poderei usar-te." - " Por favor, senhor", disse o bambu - " eu não poderei mais viver sem o coração!" - " Devo tirar-te o coração caso contrário não poderei usar-te."
Houve um profundo silêncio... alguns soluços de lágrimas abafadas... depois, o bambu inclinou-se até o chão e disse: " Senhor, poda, corta, parte, divide, me toma por inteiro e reparte". O senhor desfolhou-o e decepou-o, partiu e tirou-lhe o coração. Depois levou-o para o meio de um campo ressequido, junto a uma fonte onde brotava água fresca. Lá o senhor deitou-o cuidadosamente o seu querido bambu no chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte e a outra ele levou até o campo. A fonte cantou boas vindas ao bambu decepado. As águas cristalinas se precipitaram alegres pelo corpo do bambu e correram sobre o campo ressequido que por elas havia tanto suplicado. Ali plantou-se trigo, arroz, milho, feijão, ... Os dias se passaram, a sementeira brotou, cresceu, tudo ficou verde e veio a colheita.
Assim o tão maravilhoso bambu de outrora, em seu despojamento, em seu aniquilamento e humildade, transformou-se numa grande benção para toda aquela região. Quando ele era um grande e belo bambu, crescia somente para si e se alegrava com a sua beleza. No seu despojamento, aniquilamento e na sua entrega, ele se tornou o canal usado pelo senhor para tornar fecundas as suas terras.

E muitos, muitos homens e mulheres encontraram vida, viveram deste tronco de bambu, podado, cortado, decepado e partido.

Isto me faz lembrar que muitas vezes temos que morrer e nascermos de novo. E quando renascemos, renasce também uma vida melhor, renascem as esperanças e ganhamos um sentido mais bonito a nossa vida. Nem sempre ir ao fundo do poço significa derrota. A pior parte em perder uma luta e não saber levantar.

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